segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Para quando uma Ordem dos Professores?

Leio no Diário Digital que a Associação Nacional dos Professores, organização sindical representativa de 12000 docentes, está reunida em congresso para debater diversas questões, sendo que uma delas diz respeito à possibilidade de se criar uma Ordem dos Professores.
Quem vem a este blogue também já sabe o que penso sobre os sindicatos que temos em Portugal: excessivamente corporativistas e, muitos deles (os maiores) dependentes de estruturas partidárias. Assim, fico satisfeito por haver quem no associativismo da área educativa haja quem pense que a criação de uma Ordem dos Professores, representativa de todos os docentes e com capacidade para regular e fiscalizar a nossa profissão, pode contribuir para melhorar o estado da Educação em Portugal.
Perguntam-me: e o que fazer com os sindicatos? Pois bem, poderiam continuar a existir como representando apenas aqueles que são seus associados, mas deixariam de ser os interlocutores com o Governo, dado que os efeitos desse diálogo(?) não tem, até hoje, dado resultados satisfatórios. Uma Ordem dos Professores teria a força de mais de 100.000 docentes responsáveis e dedicados ao seu ofício, visto que, muitos daqueles que, hoje, não servem devidamente o ensino deixariam esta profissão, tal seria a elevação do grau de exigência (para professores e alunos) que uma nova regulação da profissão docente acarretaria...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Fecho de escolas do 1º ciclo. O que fazer?

Como se sabe, até ao final da legislatura, o actual Executivo prevê o encerramento de mais de quatro mil escolas do 1º ciclo, tendo em conta o respeito por três critérios: escolas com menos de dez alunos, escolas com menos de 20 alunos e taxas de aproveitamento inferiores a 89 por cento (média nacional) e espaços que não ofereçam condições de funcionamento.
Convém ter alguma ponderação na hora de tomar uma decisão acerca deste objectivo do Governo. Quem é professor ou, de alguma forma, está ligado ao ensino sabe das dificuldades que existem quando se tem que leccionar em aldeias distantes dos grandes centros urbanos e com reduzido número de alunos. Por outro lado, é fácil de imaginar os benefícios que advêm para os alunos quando estes têm a possibilidade de frequentarem escolas devidamente apetrechadas em termos de biblioteca, acesso à Internet, refeitório, entre outros aspectos. Por outro lado, não há que ignorar a diferença entre estar numa escola isolada, onde os alunos apresentam problemas de contacto com novas realidades e estar num estabelecimento de ensino que faculta novas experiências.
No entanto, a minha experiência de formado em Geografia também me diz que o desenvolvimento harmonioso e equilibrado do território só se consegue concretizar se as regiões mais desfavorecidas (as do Interior) não forem desprovidas dos necessários equipamentos e serviços.
Creio que as vantagens desta solução superam em muito as dificuldades que poderão advir em algumas situações específicas, pelo que a mesma teoria poderia ser aplicada para outro tipo de serviços que não têm "procura" suficiente, como é o caso de alguns centros de saúde abertos à noite e que na maior parte das vezes estão às "moscas".

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

O poder da televisão na (má) Educação...

No último fim-de-semana foram divulgados os resultados de um interessante estudo realizado no âmbito de uma tese de mestrado, segundo o qual a grande maioria dos adolescentes (78%) tem conhecimento da realidade mundial e dos problemas ambientais através do que a televisão lhes mostra. Segundo a investigadora da Universidade Católica de Lisboa, "a televisão pode ser vista como um aliado na escola, como meio de demonstração, que pode tornar a matéria mais apetecível", dado que a percepção que os adolescentes têm da realidade se faz mais pela televisão do que por outro qualquer outro meio.
Ora, a constatação que retiro das minhas aulas de Geografia é que a matéria leccionada pode muito bem ser auxiliada por recurso a outros meios que não só o manual... De facto, o conhecimento que os alunos têm do mundo advém muito mais do que os noticiários televisivos lhes "servem" à hora de jantar, do que pela leitura de jornais ou das conversas que os alunos possam ter com os seus pais ou familiares. Por outro lado, há uma circunstância que faz assustar qualquer professor: os adolescentes de hoje raramente assistem a documentários ou reportagens de interesse, sendo arrastados pelo vício dos desenhos animados e das telenovelas ou filmes, com resultados mais que óbvios.
É por essa razão que, cada vez mais, tento incutir nos meus alunos o gosto pela leitura e análise das notícias de jornais, dado que a televisão implica uma leitura do mundo numa postura muito mais passiva e menos interventiva, do que aquela que os jornais proporcionam. Por outro lado, todos sabemos do sensacionalismo com que muitas vezes as televisões se deixam embalar, desvirtuando com alguma regularidade a realidade dos factos. Os noticiários da TVI são um bom exemplo de como não se devem "servir" as notícias...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Colocações: uma questão de sorte???

As novas regras estabelecidas para as colocações de professores, aprovadas hoje em Conselho de Ministros, têm gerado, por parte da comunidade docente, em geral, um sentimento de angústia, muito por culpa, das consequências que o novo regime de concursos poderá ter para as famílias daqueles que são professores...
De facto, se parece incontestável a melhoria em termos de estabilidade do corpo docente das escolas que este novo regime de colocações propícia, já no que concerne à motivação dos professores as dúvidas crescem. Digo isto, porquê? Porque ter de ficar afecto a uma escola durante três ou quatro anos longe da área de residência acarreta problemas familiares que, muitas vezes, se repercutem na vida profissional.
Ora, a questão que se coloca é a seguinte: porque foram definidos três anos e não dois, cinco ou sete? A lógica dos ciclos de ensino não pode ser a resposta, dado que, não é certo que os professores sigam com as mesmas turmas ao longo de vários anos seguidos. Se essa for a resposta então o Ministério da Educação deveria legislar nesse sentido... Quem é professor sabe do que falo...
Assim, e apesar deste novo regime de colocações de docentes poder vir a beneficiar alguns professores, sou levado a defender que o mais consensual seria que, quem quisesse ficaria na escola que lhe caberia em sorte durante esses três anos, mas quem ficasse prejudicado poderia voltar a concorrer no ano seguinte... A forma de operacionalizar esta solução é que não seria fácil.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Currículos alternativos: um mal necessário...

Depois de ter usufruído de cinco dias de licença de paternidade voltei hoje ao trabalho na escola. Entretanto, continuo a braços com a minha tese de mestrado, pelo que o tempo disponível para a blogosfera e outros hobbies (como o snoocker) tem escasseado... Que bom que seria que um dia completo tivesse a duração de 48 horas!!!
Apesar de, durante este período de pausa lectiva, o Governo ter avançado com novidades ao nível das regras para os currículos alternativos e depois de, durante o 1º período de aulas, terem sido apresentadas novas medidas tendentes à recuperação dos alunos com insucesso escolar, não notei grandes diferenças no que toca ao trabalho lectivo neste meu primeiro dia de aulas depois do Natal. Também não é de admirar. Será a partir de agora, espero eu, que aos poucos se começarão a sentir os resultados das medidas tomadas nas reuniões de avaliação do 1º período: aulas de recuperação, estratégias diferenciadas na sala de aula, trabalho de tutoria, entre outras medidas...
Quanto à nova medida dada a conhecer há poucos dias atrás, enunciada no despacho normativo nº1/2006 e respeitante aos denominados, pelo Ministério de Educação, "percursos curriculares alternativos", que vem em seguimento dos conhecidos currículos alternativos, dada a minha experiência profissional de quase oito anos de serviço (bem sei que não assim tantos!) penso que este é um mal necessário com vista a dois objectivos centrais: por um lado, conceder uma última oportunidade a todo aquele conjunto de alunos, que parecem ser cada vez mais (porque será?), a fim de que possam concluir, pelo menos, a escolaridade obrigatória, em vez de abandonarem a escola precocemente, e por outro lado, não prejudicar aqueles alunos que, com um ritmo de aprendizagem regular são, muitas vezes prejudicados, por estarem na mesma turma, pelos alunos com maiores dificuldades... Prejudicados, no sentido de que, muitas vezes se alheiam da matéria, por ser dada com um ritmo muito mais lento, desperdiçando, assim, as suas capacidades...
Já agora, se está previsto na lei que estas turmas possam ter apenas dez alunos, não seria justo que as demais turmas pudessem não ter mais do que vinte alunos? O sucesso escolar, certamente, que seria bem diferente...

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Novas rotinas com noites (muito) mal dormidas...

A Diana já vai com oito dias de vida fora do ventre da mãe e, cá por casa, o corrupio tem sido enor-me, com a impossibilidade de fazer grandes projectos a lon-go prazo. Há que viver cada dia de cada vez, pois a presença de um novo elemento na nossa família alterou por completo as rotinas estabelecidas.
A Diana ocupa por completo as nossas vidas e, por enquanto, estamos sempre de olho em cima dela. Ontem teve a sua primeira consulta na pediatra e as notícias foram boas. Tudo está bem com ela. Os problemas, se é que se podem chamar problemas, surgem à noite, pois, nos últimos três dias a nossa pequenota tem feito questão de não querer deixar os pais dormir duas horas consecutivas. Ora é a vontade de mamar que a faz chorar, ora é a não vontade de dormir que nos tem deixado com caras de cansaço e olheiras à vista. A mãe tem sido incansável e não lhe falta com nada... Mas, a alegria de ter uma filha supera todas estas pequenas contrariedades, pelo que quando a oiço chorar aos berros até fico, em parte, contente: é sinal de vida e de boa vitalidade...
Por enquanto ainda estou com os cinco dias de licença de paternidade, mas na próxima segunda-feira já terei que ir leccionar. Nem sei como será, caso a pequena Diana não me deixe dormir, nem que sejam pelo menos três horas seguidas. Lá terei, porventura, que começar a abusar um pouco mais dos cafés, como fazia nos tempos da faculdade.
Mas, o que me interessa mesmo é que a Diana está bem, veio encher (ainda mais) a nossa casa de alegria, os avós estão super-babados com a primeira netinha e a mãe tem-se portado maravilhosamente bem, não deixando que nada falte à nossa Diana. Eu ainda me atrapalho um pouco na hora de a fazer arrotar depois das mamadas, mas a mãe trata logo do assunto.
Entretanto, enquanto não recomeço com a vida na escola, resta-me desejar-vos a todos um bom 2º período de aulas...