sábado, 23 de dezembro de 2006

Por um 2007 mais educativo...

Prestes a despedimo-nos do ano 2006, há que ser optimista e esperar que o próximo ano seja efectivamente dado a concretizações positivas na área da Educação. Depois de um 2006 deveras conturbado e que originou um descrédito ainda maior na imagem dos professores, com consequências gravosas ao nível da relação professores-alunos e até professores-pais, espero que o novo ano seja aquele em que a Educação possa vir a ser a prioridade das prioridades, tanto em termos de política da tutela, como ao nível das preocupações da sociedade civil.
A Educação está a viver momentos conturbados, com mudanças, cujos resultados ainda estão por apurar. Uma coisa é certa: a redução da exigência e do rigor poderão dar bons resultados a curto prazo ao nível estatístico, mas serão um poço de problemas a médio e longo prazo.
É tempo de retemperar forças para mais um período de aulas que aí vem. Há que organizar mais três meses de trabalho e preparar aulas para que o sucesso escolar possa ser uma realidade. Por agora, os resultados obtidos pelas seis das sete turmas às quais lecciono Geografia foram uma desgraça e o que vale é que as notas à disciplina de Geografia até foram das melhores. Praticamente, metade dos alunos teve 3 ou mais níveis inferiores a três. A turma do 11º ano portou-se, como esperava, bastante bem, com uma média de 13 valores a Geografia.
Que 2007 seja o ano da viragem na área da Educação. É que termos uma situação pior do que a que actualmente se vive na área da Educação é praticamente impossível...
Umas boas festas a todos os que frequentam este blogue!!!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Desafio - Quem descobre o erro?

Público de ontem, quarta-feira, dia 20 de Dezembro de 2006. Reportagem aprofundada nas páginas 2 e 3 deste conceituado jornal sobre o problema do encerramento de fábricas que afecta o nosso país. Ao ler o artigo da jornalista Maria Albuquerque deparo-me com um engano (não acredito que tenha sido uma simples gralha!), que considero grave, num conceito de Geografia que ensino aos meus alunos do 8º ano e que aprofundo aos do 10º ano. Quando aparece este tipo de erro científico nas fichas de avaliação dos meus alunos é costumo dar-lhes um "sermão" no bom sentido, a fim de que não voltem a cair no mesmo erro. É um conceito geográfico básico e que, cada vez mais se utiliza no nosso dia-a-dia...
Aqui deixo a parte do texto assinado pela jornalista. Será que alguém vai descobrir o erro???
Quem não descobrir logo à primeira vez que ler o texto necessita urgentemente de umas lições de Geografia...

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Relato de uma experiência gratificante

No domingo passado comemoraram-se os 58 anos da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A escola onde lecciono foi contactada pelo estabelecimento prisional da cidade para que envidasse os esforços necessários no sentido de promover junto da população prisional uma palestra que focasse a importância do cumprimento dos direitos humanos . Eu, na qualidade de professor de Geografia, e um outro colega que lecciona a disciplina de História, fomos informados pelo Conselho Executivo da nossa escola do pedido feito pela Directora do estabelecimento prisional e, logo de seguida, colocámo-nos à inteira disposição para dinamizar a tal palestra.
Hoje lá fomos à prisão da cidade e a experiência revelou-se bastante interessante. Diante de um público de quase trinta reclusos, a maioria deles já na casa dos cinquenta e tal anos, realizámos uma pequena palestra, através da apresentação de diapositivos em Power Point, sobre a evolução histórica dos direitos humanos e a forma como em muitos países do mundo ainda não são aceites e, muito menos, cumpridos. Muito se falou sobre uma situação que cada vez é mais comum na sociedade actual: só quando nos vemos privados de um direito é que lhe damos valor!!!
A Escola tem de se abrir cada vez mais à comunidade em que está inserida, pelo que é importante que este tipo de actividades se realizem. Neste particular, destaco as que dizem respeito às famílias dos alunos que frequentam a escola. É necessário que as famílias se envolvam na vida escolar dos filhos e uma forma de concretizar tal anseio talvez passe pela realização de palestras especialmente dirigidas aos pais e avós... Urge fomentar uma "escola de pais".

sábado, 9 de dezembro de 2006

Um sistema de ensino que agrava as desigualdades sociais...

Segundo um estudo realizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, o sistema de ensino em Portugal discrimina os alunos por escolas, por turmas e por vias de ensino, agravando os processos de desigualdade social. Nada que aqueles que estão mesmo por dentro do sistema educacional português não saibam. Refiro-me sobretudo aos professores que todos os dias têm de lidar com dezenas de alunos diferentes, em turmas díspares, e que facilmente se apercebem de como as desigualdades entre turmas da mesma escola podem condicionar o desempenho e sucesso dos alunos...
Mas, os problemas da Educação em Portugal não se resumem ao agravamento das desigualdades sociais... Muitos daqueles que, em Lisboa, estão nos seus gabinetes ministeriais à frente de um computador a tomar decisões sobre o nosso sistema de ensino não fazem a mínima ideia do que é ser, ao longo de um ano lectivo, professor de 200 ou mais alunos, nem sonham da capacidade que um bom docente tem de ter para, ao longo dos noventa minutos de cada aula (e são várias por dia), conseguir suscitar o interesse de quase trinta jovens com personalidades completamente diferentes umas das outras! Aqueles que são professores por gosto sabem do que falo!!!
Tenho a certeza de que, quando tivermos um(a) Ministro(a) da Educação que tenha passado alguns anos da sua vida a ensinar alguns milhares de alunos do nosso país (serão suficientes uns dez anos de serviço!), certamente que aí, desaparecerão muitos dos vícios em que o nosso sistema de ensino está envolto, a começar pela excessiva descredibilização e relativização do papel de professor!