terça-feira, 28 de novembro de 2006

As vantagens das aulas de substituição...

A verdade é que, enquanto que as actividades de substituição continuam, na generalidade das escolas, a estarem longe de atingir os seus objectivos, pois, muitas vezes, não passam de autênticos tempos de ocupação dos tempos livres dos alunos com TPC`s, trabalho de estudo ou de preparação de testes (que só alguns alunos aproveitam!), já a definição das "verdadeiras" aulas de substituição para os casos dos professores que sabem com antecedência que irão faltar parece-me ter sido uma boa medida implementada pela actual equipa ministerial da Educação.
Ora, hoje fui leccionar a disciplina de SIG (Sistemas de Informação Geográfica) à turma do 12º ano do curso tecnológico de Ordenamento do Território e Ambiente, em substituição de uma colega minha que sabia com antecedência que teria que faltar hoje. Recebi no Conselho Executivo o plano da aula e falei com a colega para ficar elucidado sobre a matéria a leccionar, sendo que os alunos já sabiam que iriam ter uma normal aula de SIG, com a única diferença de que seria outro professor a leccioná-la... Ou seja, todos os intervenientes cumpriram com as suas obrigações: o Conselho Executivo, os professores substituído e substituto e os alunos da turma que trabalharam normalmente durante a aula. Deste modo, o facto da professora da turma ter tido que faltar em nada prejudicou os alunos, pelo que o sistema instituído funcionou em benefício daqueles para quem a Escola se destina...
Assim, o problema reside nas aulas cujos docentes não sabem com antecedência que terão que faltar ou que, sabendo-o não querem ter o trabalho de preparar e deixar o plano da aula aos professores substitutos!!!

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

E agora? O que se seguirá???

Depois do Ministério da Educação ter visto aprovado em Conselho de Ministros o novo Estatuto da Carreira Docente e, partindo do princípio de que este importante documento não incorpora nenhuma inconstitucionalidade, estou com curiosidade em ver qual o rumo que a equipa da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues vai seguir na luta contra o insucesso escolar!
Todos sabemos que sem um sistema de Educação rigoroso, exigente e de sucesso não podemos almejar a que Portugal entre no pelotão da frente dos países da UE. Este Governo deu mostras que querer reformar por completo a área da Educação. No entanto, resolveu "investir" na alteração do mais que caduco e desajustado Estatuto da Carreira Docente, esquecendo-se (pelo menos até agora) que muito mais há a fazer para que a Escola seja, de facto, e aos olhos dos alunos (afinal é para eles que se destina a Escola) um local de trabalho, onde deve imperar a exigência e o esforço, ao mesmo tempo que a falta de empenho e a inércia devem ser punidas. Para que tal seja uma realidade urge tomar algumas medidas, tais como:
1. Alterar o currículo escolar, diminuindo o número de disciplinas por ano de escolaridade, por forma a que nenhuma disciplina tenha menos que dois blocos semanais de aulas;
2. Reformar, por completo, os programas das disciplinas, por forma a que não haja sobreposição dos mesmos conteúdos programáticos em disciplinas diferentes;
3. Modificar as regras de avaliação dos alunos, insistindo no reforço dos exames nacionais, a fim de que não se banalize a simplificação de processos e se puna convenientemente o facilitismo e o laxismo;
4. Responsabilizar, de forma activa e, se necessário coercivamente, os pais e encarregados de educação pela actuação dos seus educandos no seu local de trabalho (a Escola), punindo exemplarmente quem não está na Escola para trabalhar e gratificando (com o reforço das bolsas de estudo e dos abonos de família) aqueles que se esforçam e se empenham.
O que se seguirá, então???

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Retrato de uma semana de trabalho

2ª feira - Entrada ao serviço às 8.30H e saída às 20H. Pelo meio dei aulas ao 11º E, ao 8º C e ao 7º A, tive uma reunião com os alunos do 11º E para preparar a entrevista que eles iriam fazer ao Presidente da Câmara Municipal, corrigi trabalhos dos alunos e tive o Conselho de Turma do 8º C. Pausas apenas nos intervalos, para almoçar, ler os jornais e tomar cafés. Total de horas de trabalho: 10 horas!
3ª feira - Entrada ao serviço às 10.15H e saída às 19.15H. Pelo meio dei aulas ao 7º C e ao 8º D, tive o serviço destinado à dinamização do Jornal da Escola, preparei aulas, fiz a acta da reunião do 8º C e tive o Conselho de Turma do 11º E. Pausas apenas nos intervalos, para almoçar, ler os jornais e tomar cafés. Total de horas de trabalho: 8 horas!
4ª feira - Entrada ao serviço às 10.15H e saída às 20H. Pelo meio dei aulas ao 8º B e ao 11º E, preparei aulas, fiz testes de avaliação e tive o Conselho de Turma do 7º B. Pausas apenas nos intervalos, para almoçar, ler os jornais e tomar cafés. Total de horas de trabalho: 8 horas!
5ª feira - Entrada ao serviço às 8.30H e saída às 20H. Pelo meio dei aulas ao 8º D e ao 11º E, preparei aulas, avaliei fichas de trabalho dos alunos do 8º ano e tive o Conselho de Turma do 8º D. Pausas apenas nos intervalos, para almoçar, ler os jornais e tomar cafés. Total de horas de trabalho: 10 horas!
6ª feira - Entrada ao serviço às 14.15H e saída às 20H. Pelo meio dei aulas ao 7º B e ao 8º C e tive o Conselho Disciplinar relativo a um aluno do 7º C. Pausas apenas para os intervalos, ler os jornais e tomar cafés. Total de horas de trabalho: 5 horas!
Conclusão: feitas as contas passei mais de 48 horas na escola, tendo 41 delas sido de trabalho exclusivamente escolar, acrescentando ainda 10 horas de viagens entre Viseu e Lamego, num total de 700 Km que fiz durante toda a semana!!! Ah, e todas as noites, em casa, ainda passei uma boa meia-hora a preparar as aulas do dia seguinte!!!

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Os primeiros testes...

É tempo de reuniões intercalares. Pelo meio lá se vão corrigindo e entregando os primeiros testes deste ano lectivo. As primeiras impressões vão de encontro ao que esperava. As avaliações obtidas pelos alunos do 8º ano são aquelas onde o número de negativas é mais preocupante, o que se compreende pelo facto da matéria do clima ser, regra geral, difícil de perceber pelos alunos. As notas do 7º ano também não são lá muito famosas, mas a matéria das escalas costuma dar nisso mesmo. Bons mesmo foram os resultados da turma do 11º ano, mas outra coisa não esperava. Por outro lado, a estratégia do blogue deles tem funcionado muito bem...
Seguem as percentagens de negativas obtidas a Geografia:
7ºA - 30%; 7ºB - 31%; 7º C - 36%; 8ºB - 52%; 8ºC - 35%; 8ºD - 56%; 11ºE - 15%
A ver vamos os resultados no segundo teste, mas espero que o "puxão de orelhas" dado às turmas do 3º ciclo sirva para qualquer coisa...

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Com exemplos destes...

Hoje, ao chegar a casa, fui descansar um pouco para o sofá da sala e sintonizei a televisão na SIC-Notícias (um dos melhores canais da televisão portuguesa). Assisti, então, ao debate na Assembleia da República sobre a apresentação do Orçamento de Estado para 2007. Ora, mais uma vez, a discussão parlamentar foi dominada pela galhofa, maldizer, desconversa, ruído, enfim, por uma constante falta de civismo por parte dos políticos que nos representam e se servem do Parlamento para mandarem "bocas" e "indirectas" uns aos outros, fazendo pouco do cargo de imensa responsabilidade que detêm. O que mais me choca é o facto destes parlamentares saberem que são vistos e ouvidos pela opinião pública e comportarem-se da forma como o fazem.
Hoje, pela primeira vez, vi-me obrigado a expulsar um aluno da minha sala de aula e a "enviá-lo" para o GOA (Gabinete de Ocupação de Alunos) da escola. Como diria um amigo meu: "são os sinais deste tempo dominado pelo regabofe". Resta-me dizer que a mãe do aluno disse à Directora de Turma que não sabe como "segurar" o filho!!!

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Ainda os exames nacionais...

Nos ultimos dias, a SIC tem apresentado uma série de reportagens sobre algumas das escolas que mais destacaram (pela positiva ou pela negativa) ao nível dos resultados obtidos pelos seus alunos nos exames do 12º ano. Baseando-se na análise dos resultados dos alunos, alguns deles com a evolução verificada nos últimos seis anos, a SIC confundiu ranking de exames com ranking de escolas... Digo isto porque a realidade que está por trás de cada escola tem sido, em muitas das reportagens emitidas, simplesmente esquecida!
Ainda ontem, a SIC transmitiu no Jornal da Noite uma reportagem onde tentava justificar os excelentes resultados obtidos nos exames nacionais pelos alunos do 12º ano do Colégio São João de Brito. Foram dadas a conhecer as instalações da escola, a forma como as aulas funcionam, a biblioteca e os laboratórios e até se entrevistaram professores, alunos e pais. Todos falaram na forma exemplar como as aulas são leccionadas. Apenas um senão: a SIC "esqueceu-se" de referir que para frequentar o Colégio São João de Brito, os pais têm de dispender mais de 400 euros por mês, sem falar nas actividades extra-curriculares. Pois bem, não acredito que algum jovem das classes baixa ou média-baixa seja aluno deste colégio. Ou seja, nenhum aluno anda naquele colégio contrariado. Todos estão lá para aprender...
O mesmo não se passa no ensino público! Os professores do ensino público sabem muito bem que a maioria dos alunos que originam problemas nas suas aulas, contribuindo em muito para o insucesso escolar, provêm das classes sociais mais baixas. Sabendo nós que sem ovos não se fazem omoletes, não podemos ignorar as desigualdades existentes entre muitas das escolas públicas e privadas deste país em termos de comunidade discente...