segunda-feira, 31 de março de 2008

A última caminhada...

Iniciou-se hoje o terceiro período de aulas. Depois de uma interrupção das actividades lectivas dominadas pelo lastimável vídeo do Carolina Michaelis, eis que é tempo de voltar ao que verdadeiramente interessa: ensinar...
À excepção de uma das minhas turmas do 9º ano, todas as outras sete turmas a quem lecciono a disciplina de Geografia apresentaram no final do 2º período de aulas uma melhoria significativa nas suas avaliações. Fiquei satisfeito com a prestação geral dos meus alunos e espero que este último período possa ser ainda melhor. Isso mesmo lhes disse hoje e irei continuar a dizer ao longo dos próximos dias.
Infelizmente, a situação actual na Educação está difícil e instável. Adivinham-se novas formas de luta docente, devido às políticas desencadeadas por este Governo, para além de que a burocracia não pára de crescer. O tempo dedicado aos alunos escasseia cada vez mais, em contraponto com aquele que é gasto em reuniões e papéis supérfulos.
A todos os que aqui me costumam visitar, faço votos de um trabalho profícuo em prol dos alunos...

sexta-feira, 21 de março de 2008

Big Brother nas escolas: um mal necessário?

Com os problemas decorrentes de uma sociedade cada vez mais alheada de valores tão básicos como o respeito, a disciplina, a seriedade ou tão simplesmente a verdade, eis que a única forma de nos defendermos dos perigos da insegurança é o recurso ao "Big Brother". Seja nos centros históricos das principais cidades, seja nas centrais de transportes rodoviários e ferroviários, seja nos shopping-centers, hipermercados ou instituições bancárias, seja nas estações de serviço, entre muitos outros locais, a forma encontrada para evitar problemas desnecessários centrou-se na instalação da videovigilância, com óbvias vantagens ao nível da segurança das pessoas e dos seus haveres. George Orwell bem nos avisou...

Será necessário que também as escolas tenham de recorrer a esta medida tão drástica com o intuito de devolver a normalidade aos corredores, às cantinas, ao recreio e às salas de aula das nossas escolas? A continuar assim, não estaremos longe de termos câmaras de filmar em tudo quanto é canto das nossas escolas. Enfim, há males necessários...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Senhora Ministra, com argumentos destes...

No debate parlamentar sobre Educação realizado ontem, Maria de Lurdes Rodrigues respondeu da seguinte forma a um deputado da oposição a propósito das notas dadas pelos professores poderem contar para a avaliação destes:
Com argumentos destes estamos conversados sobre a qualidade das intervenções da Ministra da Educação naquela que, supostamente, deveria ser a casa da democracia.
Há uns dias atrás, o Ministério da Educação veio informar os professores que estes poderiam estar descansados pois a progressão das avaliações dos alunos só contariam 6,5% para a avaliação de desempenho docente.
Pois eu considero um completo disparate que as notas dadas pelos professores aos alunos tenham qualquer tipo de peso (nem que seja 1%) para as avaliações dos professores. Não argumento com as analogias feitas com os casos dos médicos ou juízes, mas tão só na injustiça em que se poderá incorrer ao assumir-se tal estratégia. Injustiça para alunos, pois as avaliações destes apenas devem ter consequências para a progressão ou não destes, mas sobretudo para os docentes que ficariam em total perda de igualdade de oportunidades entre si, apenas pelo facto de se fazer depender o seu desempenho profissional pelo maior ou menor empenho demonstrado pelos discentes!
O desempenho profissional de um professor mede-se pela capacidade de trabalho que o mesmo prova ter, seja na forma como aplica as suas estratégias de ensino, seja na cientificidade evidenciada na elaboração e correcção das fichas de avaliação, seja ainda na flexibilidade e adaptabilidade do seu método de ensino ao seu público-alvo. A única forma possível de fazer depender o seu desempenho das notas dos alunos será, porventura, através da realização de exames nacionais aos alunos, diagnosticando possíveis discrepâncias entre as notas internas e as notas externas destes! Aí sim, poderá avaliar-se quem, de facto, se deixa levar pela onda do facilitismo e quem verdadeiramente assume uma postura de exigência e rigor no ensino.
Só uma última nota: já todos devem ter reparado que na retórica utilizada por José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues é extremamente raro ouvirem-se palavras como "rigor" e "exigência". Porque será???

quinta-feira, 13 de março de 2008

Assim vale a pena...

Para quem está dentro da forma como, efectivamente, funciona o sistema educativo português, palavras como desmotivação, desilusão, facilitismo, indisciplina, displicência não são novidade. A Escola Pública está em crise! O desajustamento curricular e a redução do rigor e exigência tornam raros os casos de sucesso efectivo, baseado no real esforço demonstrado pelos alunos, no seu dia-a-dia escolar...
Tenho mais de 200 alunos a meu cargo na disciplina de Geografia, 60 deles também a Área de Projecto e quase 30 a Estudo Acompanhado. Alunos efectivamente interessados e dedicados ao trabalho são cada vez mais uma raridade. É por isso que rejubilo de felicidade quando os meus alunos demonstram um grande empenho naquilo que realmente interessa à Escola: o trabalho, o estudo, o respeito, a disciplina.
Assim, dou a conhecer um dos excelentes trabalhos realizados em Área de Projecto sobre temáticas relacionadas com a disciplina de Geografia. Este trabalho foi elaborado por três alunos do 7º ano de escolaridade. Só uma nota: tenho alunos do secundário incapazes de elaborar um trabalho deste género...

quinta-feira, 6 de março de 2008

A pergunta da Sr.ª Ministra: qual é a alternativa? Eis a minha resposta...

Em entrevista à RTP1, a Ministra da Educação, questionou por várias vezes a jornalista Judite de Sousa com a seguinte expressão "Qual é a alternativa?"
Pois bem, a alternativa, neste momento, poderá residir no aperfeiçoamento do actual modelo de avaliação de desempenho dos professores. E esse aperfeiçoamento terá, porventura, que se basear, desde já, no adiamento do processo de avaliação dos professores contratados para o início do próximo ano lectivo, com as regras e pressupostos estabelecidos logo desde Setembro e não a meio deste ano lectivo. Depois, há que alterar os parâmetros definidos no actual modelo de avaliação que possam suscitar situações de injustiça e desigualdade entre professores, pois, não tenhamos dúvida que, com este sistema, não é indiferente leccionar numa escola de uma vila do Interior ou numa escola de elite de uma cidade do Litoral, assim como não é indiferente leccionar numa escola com três dezenas professores ou numa escola com mais de cem docentes. Vejamos um exemplo da insensatez deste sistema: permite que um docente exigente e rigoroso com os seus alunos e que, por isso, não consiga obter melhorias significativas nos resultados dos seus discentes não seja bonificado na sua avaliação, viabilizando, no entanto, que um professor menos cuidadoso e mais irresponsável (e não serão poucos!) que não se importe de inflacionar as notas dos alunos possa ser beneficiado na sua avaliação. É injusto... Mas, poderia dar outros muitos outros exemplos das injustiças deste modelo...