quarta-feira, 30 de junho de 2010

Balanço final de mais um ano lectivo

Depois das aulas terem terminado há quem pense que começam as férias dos professores. Todos os anos, por estes dias, os meus vizinhos perguntam-me sempre se já estou de férias. Claro que a resposta que lhes dou é sempre a mesma: "férias só se for de alunos; há ainda muito trabalho, como reuniões de avaliação, reuniões de departamento, realização e correcção de exames de equivalência à frequência, coadjuvâncias, vigilâncias e correcção de exames nacionais, realização de inventários, análise de resultados, matrículas e muito mais trabalho burocrático". Enfim, a verdade é que muita gente pensa que acabando as aulas, o trabalho acaba para os professores. Para muitos certamente que diminui em muito, mas não é o meu caso. Até 28 de Julho há ainda muito para fazer...
Este foi para mim um ano lectivo particularmente trabalhoso. Para além de ter tido as oito turmas que me foram destinadas desde o início do ano lectivo, tive ainda a meu cargo, desde Outubro, uma turma de 11º ano (com seis horas semanais), por ter tido que substituir uma colega que ficou de baixa médica durante o resto do ano lectivo. Há ainda que acrescentar a isto uma Direcção de Turma...
Apesar de ter tido um ano cheio de trabalho (mais de 200 alunos de 4 níveis diferentes), os resultados finais foram globalmente positivos. Aqui ficam registados para memória futura:
- Nas duas turmas do 7º ano: 14% de níveis negativos
- Nas três turmas do 8º ano: 13% de níveis negativos
- Nas três turmas do 9º ano: 12% de níveis negativos
- Na turma do 11º ano: 5% de níveis negativos e uma média final de 12,7 valores
Penso que este foi dos anos em que menos alunos ficaram retidos. Nas 8 turmas do ensino básico que tive a meu cargo, num total de cerca de 180 alunos, apenas 16 não progrediram de ano, o que corresponde a uma taxa de sucesso de mais de 90%. Sinal de maior empenho dos alunos ou da falta de exigência que se instalou no ensino básico. Vou mais pela segunda opção...
Agora há ainda que esperar mais uns dias para saber os resultados dos alunos do 11º ano que foram fazer o exame nacional de Geografia A. Há sempre alguma expectativa para saber se a média que os alunos tiveram na nota interna se mantém nos exames. A ver vamos o que fazem estes 19 alunos que levam uma média interna (média conjunta do 10º e 11º ano) de 13,3 valores.
Entretanto, continua o trabalho de tudo o que tem que ver com os exames de equivalência à frequência do 9º ano e sobretudo o dos exames nacionais do ensino secundário.
Até breve

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A odisseia está quase a terminar...

Este é o meu 12º ano de serviço como professor de Geografia.
Até agora o ano mais trabalhoso: nove turmas de quatro níveis diferentes, mais de duzentos alunos na disciplina de Geografia, uma direcção de turma a meu cargo e ainda outros cargos como o de subcoordenador e o de responsável pelo projecto Parlamento dos Jovens. A isto tudo há que acrescentar as horas na biblioteca, no gabinete do aluno e nas substituições.
Resta-me dizer que passo mais tempo na escola e com actividades ligadas à escola do que com a minha família. No entanto, mais trabalho não significa melhores resultados. Bem pelo contrário!!! De ano para ano, a vida na escola torna-se mais penosa e escasseiam os alunos que têm um espírito de verdadeiros estudantes...
Desde os tempos de Guterres que se insituiu a ideia nos jovens portugueses que para transitar de ano não é necessário grande esforço. E a lógica dos PCS`s, dos CEF`s, dos cursos profissionais e das novas oportunidades veio piorar isto tudo!!!
Os grandes prejudicados de uma profissão que tem vindo a ser completamente mal tratada e ignorada pelo Ministério da Educação são os mais novos. Não esqueçamos que todas as desgraças que os sucessivos governos PS têm vindo a fazer na escola pública portuguesa terão consequências nefastas na próxima geração de adultos que (não) andamos a formar.
Daqui a dez anos é que nos vamos queixar (ainda mais) da ignorância e falta de formação manifestada pelo povo português...