sábado, 12 de setembro de 2015

Os professores são a segunda classe profissional mais representantiva no parlamento. Mas isso não se nota nada...

Na última legislatura, dos 230 deputados com assento na Assembleia da República, 39 tinham a profissão de professores. A seguir aos advogados é a segunda classe profissional com maior protagonismo no parlamento. Contudo, se analisarmos com atenção a sua acção legislativa (sim, porque a principal função do parlamento é a de legislar), a verdade é que estes professores quando chegam a deputados parecem esquecer-se por completo da sua profissão anterior. Vestem a pele de deputados e a Educação parece ser algo que pouco ou nada lhes diz...
Digo isto porque tendo estes professores a obrigação de saber o que se passa nas nossas escolas e a forma como o sistema de educação funciona no nosso país, haveria muito a legislar por forma a que o sistema melhorasse substancialmente. Quem está bem colocado num lugar trabalha sempre melhor. Toda a gente o sabe. Ora, no início de cada ano lectivo um dos assuntos de que mais se costuma falar nas nossas escolas é o que tem que ver com os concursos de professores e as suas injustiças. Este ano não fugiu à regra. Todos dizem que a existência de um único concurso, assente apenas na graduação profissional, seria factor de justiça e equidade. E o que temos é precisamente o contrário; várias fases de concursos, várias prioridades e a graduação profissional ultrapassada por outros critérios. Ora, porque razão é que durante os últimos quatro anos não vimos acções concretas por parte dos deputados da Nação que já foram professores falar no parlamento sobre a necessidade de alterar os procedimentos nos concursos de professores? E todos os partidos têm professores nas suas listas!!!
Atentemos agora aos candidatos a deputados. Basta analisar as listas dos dois principais partidos no círculo eleitoral de Viseu. A coligação PSD-PP apresenta uma lista em que 36% dos candidatos são professores. No PS, a segunda profissão mais representativa dos candidatos é a de professor. Pois é, continuamos a ter muitos professores nas listas dos vários partidos. E é caso para perguntar: será isto uma vantagem para a classe docente? Só se for por sobrarem mais algumas vagas para os concursos, porque quando estes colegas chegam a deputados parecem esquecer-se que são professores e deixam-se enredar pela teia dos regimes partidários e da disciplina de voto. 
Porque não se legisla na Assembleia da República no sentido de haver apenas um concurso de colocação de professores assente na graduação profissional? Com tantos professores no Parlamento não seria difícil legislar nesse sentido... 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Mal-estar latente entre QA`s e QZP`s...

A publicação das listas de colocação referentes à Mobilidade Interna (MI) veio agudizar o mal-estar que já era evidente entre os professores vinculados a uma escola ou agrupamento e os que estão vinculados a um QZP.
Já por várias vezes aqui escrevi sobre este assunto. Para alguns não pensarem que apenas agora me queixo desta injustiça, basta lerem o que escrevi há um ano e meio aqui... Parece claro que o clima de tensão é bem evidente: basta ler os comentários incluídos no artigo anterior para perceber como se sentem os QA`s que estão vinculados longe das suas áreas de residência e que se vêem, ano após anos, "ultrapassados" por colegas menos graduados na fase dos destacamentos para aproximação à residência. É que convém não esquecer que muitos destes QA`s estão efectivos longe das suas casas porque a isso foram obrigados quando há uns anos atrás o MEC obrigou os QZP´s a concorrerem para efectivar numa escola, tendo em vista o fim dos QZP´s. Os governos mudaram, as regras mudaram e agora parece evidente que o MEC pretende ter o maior número possível de docentes afectos a um QZP para reduzir o número de professores contratados. E quem fica prejudicado com esta situação toda são muitos dos QA`s que se vêm "ultrapassados" por colegas QZP`s menos graduados...
É claro que os professores QZP`s que saem beneficiados com as actuais regras injustas não têm culpa dessa situação. Não cometem nenhuma ilegalidade e apenas usufruem das regras existentes. E é claro que nem todos os QZP`s conseguem ficar próximos das suas áreas de residência, mesmo concorrendo na 1º prioridade na fase da MI. Há casos para todos os gostos...
Mas, nota-se que aqueles colegas que estão vinculados a um QZP e que nesta fase dos concursos concorrem na 1º prioridade, com uma graduação muito abaixo de colegas QA`s e que, fruto das regras existentes, ficam próximos das suas casas, muitas vezes, com componentes lectivas que não chegam a 10 horas semanais, esse colegas QZP`s, dizia, parecem andar comprometidos com a situação. Sentem que beneficiam de algo que, em termos de ética profissional, é injusto. Pelo menos é isso que tenho constatado ao falar com colegas com pouco mais de dez anos de serviço, que estão vinculados a um QZP e que, concorrendo na 1ª prioridade na MI, passam à frente de colegas QA´s muito mais graduados e que, ano após ano, vêm cada vez mais longínqua a hipótese de ficarem destacados mais próximo das suas famílias.
É que, convenhamos, quando analisamos as listas da MI e verificamos que no nosso grupo disciplinar dezenas de colegas menos graduados passam para a 1º prioridade porque estão vinculados a um QZP (queixando-se que não têm escola) e depois conseguem, ano após ano, um horário, muitas vezes com pouco mais do que oito horas lectivas, numa escola bem perto das suas áreas de residência, a palavra que mais se ouve nas conversas entre professores é "injustiça"...
Já não bastava o mal-estar que, muitas vezes, é bem notório nas nossas escolas entre professores mais velhos e menos velhos (por causas dos salários auferidos) ou entre colegas efectivos e colegas contratados (por causa do tipo de turmas que lhes são distribuídas), agora temos o "conflito" entre docentes QA`s e os que são QZP`s. 
Com um novo Ministro da Educação (a questão dos concursos foi um dos pontos negros da governação de Nuno Crato durante estes quatro anos)  pode ser que as regras concursais mudem. Aliás, urge reformar por completo os procedimentos de colocação de professores. É que também nas BCE`s, a confusão é total... Mas, também seria importante que os sindicatos se mexessem...